Não
sei se isso já aconteceu com você em algum momento, mas deixe-me
ilustrar melhor a situação.
No início do ano, eu apoiei
várias campanhas no Catarse, desde HQs até livros jogo, como esse
que vamos conferir hoje. E durante meu hiato, acabei por me
distanciar de quase tudo aquilo que eu gosto para priorizar meu
trabalho.
Meses
se passaram e começaram a chegar pacotes na minha casa. Pacotes
esses que continham meus apoios que eu nem sequer me recordava ter
participado.
Enfim, foi como se o meu eu do passado estivesse
presenteando o meu eu do presente.
Confuso? Talvez…
Deixando
de lado os paradigmas e paradoxos do meu dia a dia, hora de focar no
que temos em mãos aqui.
“Aquele
Jogo da Masmorra com Dragões & tal” é um apanhadão de
“regras da casa” de RPG híper-simplificado que pode ser
empregado em qualquer sistema de sua escolha ou adaptado para uma
partida totalmente improvisada ou até mesmo solo.
O
pequeno encadernado, muito
bem editado por sinal,
conta com um pouco mais de trinta páginas, é ricamente ilustrado e
apresenta todos seus conceitos de maneira concisa e com exemplos
claros e fáceis de acompanhar.
Vale também apontar o bom humor
com que esses exemplos são apresentados ao leitor, que tornou essa
leitura, além de rápida, um prazer.
Focando
nos quesitos mais técnicos aqui, as regras contidas, na sua maioria,
um teor muito mais direcionado para partidas rápidas e sem
compromissos.
Já que um dos principais pilares desse sistema é
o incentivo à criatividade dos jogadores, onde o primeiro requisito
é a criação de uma classe totalmente nova e que fuja, de certa
forma, dos clichês dos jogos de RPG mais clássicos.
O livro
ainda faz algumas sugestões de classes e raças um tanto peculiares,
para atiçar um pouco mais os nervos criativos dos jogadores.
No
entanto, e isso é algo que não posso opinar ou criticar com muita
autoridade, já que não tive a oportunidade de experimentar uma
partida com outros jogadores ainda. O livro propõe que uma partida
pode ser jogada sem a necessidade de um mestre, já que o foco aqui é
apenas o dungeon crawl (exploração de masmorras) e o combate.
Então, o fator ‘interpretação’ é praticamente nulo e cada um
dos encontros com monstros e armadilhas deve ser previamente acordado
entre os jogadores.
Eu, na minha posição de mestre, achei isso
um tanto inusitado, mas gostaria de experimentar em algum ponto. Já
que ainda dispomos de um conjunto de regras opcionais extras. Com as
quais podemos até improvisar uma partida solo.
No papel tudo
isso soa bem e funcional, no entanto, eu tenciono fazer um play test
em algum ponto e, quem sabe, fazer uma segunda review até.
Tirando
da frente o que é o sistema em si, eu também gostaria de elogiar o
senso de improviso e ‘DIY’ que o livreto tem.
Isso é
extremamente nostálgico pra mim, pois me faz lembrar dos meus tempos
de adolescente. Quando meus amigos e eu criávamos nossos próprios
sistemas, regras da casa, cenários e tantas outras coisas para
incrementar nossas partidas de RPG.
A única coisa que me
incomodou e isso não é um problema isolado desse livreto em
questão, mas, aparentemente, na cena do OSR brasileira, é a
“necessidade” de sempre incluir um texto introdutório falando
sobre “espaços seguros” e “contratos sociais” antes de
começar uma partida. Sinceramente, isso é cansativo e
desnecessário…
Quase
todo livro ou zine de OSR que eu pego, vêm com algum texto ou
paragrafo com algum tipo de comentário social ou cultural.
Cacetada,
eu tô aqui para jogar uma partida de RPG, matar monstros, acumular
saque e chutar bundas!
Não quero saber dos problemas do
mundo real e muito menos desses comentários sociais enquanto jogo
RPG.
Pode ser papo de nerd velho, babaquice da minha parte ou só bom senso mesmo, mas essa inclusão da problematização de tudo dentro do universo dos RPGs é algo que vejo como algo forçado e até hipócrita.
Fora
isso, meus elogios para “AjdMcD&t” (sim, essa é sigla que
usaram pro jogo) são muitos e vejo grande potencial no sistema para
partidas mais curtas que podem durar desde uma ou até várias
sessões.
Altamente recomendado para jogadores mais folgados que
queiram trazer o seu “muderhobo” interior à tona e dar algumas
boas risadas enquanto perambulam por masmorras escuras e fedidas.
Show de matéria irmão do Aço
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