terça-feira, 25 de outubro de 2022

The Head Hunter - O melhor filme de espada e feitiçaria/terror que você não viu

Recentemente, em uma enquete que fiz no perfil do Masmorra no Instagram. Perguntei a vocês o que gostariam de ver nas próximas postagens aqui do blog.
Então, atendendo aos pedidos, dessa vez vamos dar uma olhada em um filme.
Vamos ao que interessa de uma vez!

'The Head Hunter" é um filme americano independente de 2018, escrito por Kevin Stewart e Jordan Downey (sendo que o último também ocupou a cadeira do diretor) e estrelado pelo ator norueguês Christopher Rygh.
Um factoide interessante sobre o protagonista é o fato dele ser descendente direto de ninguém mais, ninguém menos que Harald "Cabelinho Bom" Halfdanson, o primeiro rei da Noruega, que governou entre 872 até 930 d.C.

Fiquei sabendo da existência de 'The Head Hunter' através de um podcast chamado 'Monsters, Madness and Magic'. Que é voltado para universo da espada & feitiçaria, mas, em certas ocasiões eles batem um papo com músicos de bandas de metal que permeiam o gênero fantástico.
Certa vez, o entrevistado da vez foi o Sr. Jason Tarpey, vocalista da banda Eternal Champion (uma das minhas preferidas e da qual eu ainda pretendo fazer uma postagem aqui no Masmorra).
O Sr. Tarpey, além de vocalista também é escritor e já teve alguns de seus contos e seu primeiro livro publicado em 2020. E quando perguntado sobre novos filmes que lhe haviam chamado a atenção, ele foi só elogios para 'The Head Hunter'.
Aquilo foi suficiente para que eu fosse atrás do filme e pudesse conferir a obra com meus próprios olhos.

Falando brevemente do enredo (sem spoilers), aqui nós acompanhamos a história de um pai, que vê sua única filha assassinada por um monstro misterioso.
Após sua morte, o pai passa a viver seus dias em total isolamento, apenas deixando seu abrigo para caçar monstros e criaturas que aterrorizam o reino. Mas, ainda assim, ele também busca por vingança contra o monstro que matou sua filha. Até que um dia, um rastro do algoz é finalmente encontrado e começa a busca pela tão sonhada retribuição.

Quando falamos em filmes independentes, é muito comum o receio e a antecipação de uma produção tosca e de baixo orçamento.
Mas 'The Head Hunter' passa muito longe desse estereótipo e entrega com maestria um filme que transborda uma atmosfera visceral, opressora e introspectiva. Muito disso se dá pela eximia atuação do Sr. Rygh, sendo incrivelmente expressivo e capaz de transmitir muito bem suas motivações sem a necessidade de expressar nenhuma palavra.
Algo muito difícil de se conseguir, ainda mais, se ressaltarmos o fato de que podemos contar o número de falas do roteiro desse filme nos dedos.

Destaco também os aspectos visuais do filme, como a fotografia, uma coisa linda de ver. Com florestas cinzentas, ruínas delapidadas e toda a majestade da natureza que permeia o cenário.
Os figurinos e maquiagem também são dignos de nota. Pois o uso de efeitos práticos, ao invés dos odiados CGs do cinema moderno, concedem ao filme uma aura mais próxima da realidade e que realça a brutalidade e a violência daquele mundo.
Isso tudo acompanhado por uma trilha sonora que, apesar de parca, funciona muito bem para atenuar os momentos mais tensos do filme.

E já que estamos falando em violência, 'The Head Hunter' consegue fazer o que poucos filmes conseguiram. Ele expõe, de forma nua e crua, sua violência. Mas ainda assim, ela não soa explicita ou gratuita, pois é apenas o pano de fundo do mundo particular onde o protagonista se encontra. Onde a decadência, selvageria e o ódio são ferramentas do seu dia a dia e garantem sua sobrevivência em um mundo onde mesmo o mais forte deve sempre estar alerta.

Por mais que eu categorize 'The Head Hunter' como um filme, essencialmente, de espada & feitiçaria. Ele se encaixa muito confortavelmente no gênero de terror.
Já que o maior artifício aqui é a construção de cenas tensas e de natureza misteriosa, que torna o enredo denso e cativante. Mesmo que o filme conte com pouquíssimas falas durante seu desenrolar.
A soma de suas partes faz com que o filme se assemelhe muito bem a uma história Pulp de autores como nosso querido Robert E. Howard, Gardner Fox ou Clark Ashton Smith.

Talvez o final seja a única parte do filme que não me agrade em sua totalidade, mais por aspectos técnicos mesmo. Pois os narrativos estão bem pareados com os elementos que tornam o mundo que nos foi apresentado tão brutal.
O filme, apesar de curto (apenas 1 hora e 14 minutos), tem uma duração adequada para o tipo de história que se propõe a contar. Mas mesmo assim, ele ainda exige sua atenção e cometimento com a trama por parte de quem está assistindo.

Em suma, 'The Head Hunter' é uma das melhores coisas que assisti no veículo cinematográfico nos últimos anos.
Honesto consigo mesmo e contido em suas próprias limitações. Mas ainda é capaz de mostrar grande promessa e entrega uma aventura permeada pelo profunda contemplação sobre a perda, o ódio e, acima de tudo, sobre o medo.


ONDE ASSISTIR?

Infelizmente, 'The Head Hunter' não está disponível em nenhum serviço de streaming no Brasil.
Para os amigos que usam VPNs, o filme está disponível no Amazon Prime Video Americano.
Vez ou outra cópias em DVD e Blu-ray também aparecem no site da Amazon ou Americanas.

ASSISTA O TRAILER AQUI

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Aquele Jogo da Masmorra com Dragões & tal - O sonho molhado de um 'murderhobo' em forma de livreto

Não sei se isso já aconteceu com você em algum momento, mas deixe-me ilustrar melhor a situação.
No início do ano, eu apoiei várias campanhas no Catarse, desde HQs até livros jogo, como esse que vamos conferir hoje. E durante meu hiato, acabei por me distanciar de quase tudo aquilo que eu gosto para priorizar meu trabalho.

Meses se passaram e começaram a chegar pacotes na minha casa. Pacotes esses que continham meus apoios que eu nem sequer me recordava ter participado.
Enfim, foi como se o meu eu do passado estivesse presenteando o meu eu do presente.
Confuso? Talvez…

Deixando de lado os paradigmas e paradoxos do meu dia a dia, hora de focar no que temos em mãos aqui.
Aquele Jogo da Masmorra com Dragões & tal” é um apanhadão de “regras da casa” de RPG híper-simplificado que pode ser empregado em qualquer sistema de sua escolha ou adaptado para uma partida totalmente improvisada ou até mesmo solo.

O pequeno encadernado, muito bem editado por sinal, conta com um pouco mais de trinta páginas, é ricamente ilustrado e apresenta todos seus conceitos de maneira concisa e com exemplos claros e fáceis de acompanhar.
Vale também apontar o bom humor com que esses exemplos são apresentados ao leitor, que tornou essa leitura, além de rápida, um prazer.

Focando nos quesitos mais técnicos aqui, as regras contidas, na sua maioria, um teor muito mais direcionado para partidas rápidas e sem compromissos.
Já que um dos principais pilares desse sistema é o incentivo à criatividade dos jogadores, onde o primeiro requisito é a criação de uma classe totalmente nova e que fuja, de certa forma, dos clichês dos jogos de RPG mais clássicos.
O livro ainda faz algumas sugestões de classes e raças um tanto peculiares, para atiçar um pouco mais os nervos criativos dos jogadores.

No entanto, e isso é algo que não posso opinar ou criticar com muita autoridade, já que não tive a oportunidade de experimentar uma partida com outros jogadores ainda. O livro propõe que uma partida pode ser jogada sem a necessidade de um mestre, já que o foco aqui é apenas o dungeon crawl (exploração de masmorras) e o combate. Então, o fator ‘interpretação’ é praticamente nulo e cada um dos encontros com monstros e armadilhas deve ser previamente acordado entre os jogadores.
Eu, na minha posição de mestre, achei isso um tanto inusitado, mas gostaria de experimentar em algum ponto. Já que ainda dispomos de um conjunto de regras opcionais extras. Com as quais podemos até improvisar uma partida solo.
No papel tudo isso soa bem e funcional, no entanto, eu tenciono fazer um play test em algum ponto e, quem sabe, fazer uma segunda review até.

Tirando da frente o que é o sistema em si, eu também gostaria de elogiar o senso de improviso e ‘DIY’ que o livreto tem.
Isso é extremamente nostálgico pra mim, pois me faz lembrar dos meus tempos de adolescente. Quando meus amigos e eu criávamos nossos próprios sistemas, regras da casa, cenários e tantas outras coisas para incrementar nossas partidas de RPG.

A única coisa que me incomodou e isso não é um problema isolado desse livreto em questão, mas, aparentemente, na cena do OSR brasileira, é a “necessidade” de sempre incluir um texto introdutório falando sobre “espaços seguros” e “contratos sociais” antes de começar uma partida. Sinceramente, isso é cansativo e desnecessário…

Quase todo livro ou zine de OSR que eu pego, vêm com algum texto ou paragrafo com algum tipo de comentário social ou cultural.
Cacetada, eu tô aqui para jogar uma partida de RPG, matar monstros, acumular saque e chutar bundas!
Não quero saber dos problemas do mundo real e muito menos desses comentários sociais enquanto jogo RPG.

Pode ser papo de nerd velho, babaquice da minha parte ou só bom senso mesmo, mas essa inclusão da problematização de tudo dentro do universo dos RPGs é algo que vejo como algo forçado e até hipócrita.

Fora isso, meus elogios para “AjdMcD&t” (sim, essa é sigla que usaram pro jogo) são muitos e vejo grande potencial no sistema para partidas mais curtas que podem durar desde uma ou até várias sessões.
Altamente recomendado para jogadores mais folgados que queiram trazer o seu “muderhobo” interior à tona e dar algumas boas risadas enquanto perambulam por masmorras escuras e fedidas.

domingo, 16 de outubro de 2022

Quill, O Exterminador de Demônios - Um começo bom começo, mas com algumas ressalvas


Antes de mais nada, apenas permitam-me dizer uma coisa. COMO É BOM ESTAR DE VOLTA!

Realmente, após meses sem ter tempo para consumir nada que fosse relacionado ao mundo da espada e feitiçaria, ter a oportunidade de apreciar uma boa HQ do gênero é um luxo e um prazer que senti muita falta.
Estou feliz que meu retorno ao Masmorra tenha sido para falar dessa HQ nacional, escrita pelo grande Carlos Rocha (que já cedeu uma entrevista aqui pro blog), acompanhado pelo igualmente talentoso Fabrício Santos.

Depois de uma campanha bem-sucedida no Catarse, a HQ foi entregue aos apoiadores com presteza e esmero. E apesar de um pequeno erro na impressão do encadernado, onde uma página extra teve de ser incluída, isso em nada afetou na apresentação da HQ.

Mas vamos ao que interessa, afinal de contas Quill é uma boa publicação?
Em uma resposta curta, sim, mas se me permitirem elaborar melhor, a resposta seria algo nos entornos de “sim, mas com várias ressalvas”.
Portanto, começarei discriminando o que vi como problemas em Quill. Mas já deixo claro de uma vez, que gostei bastante do que foi entregue e posso fazer sua recomendação sem medo aos amigos que partilham dos mesmos interesses no mundo fantástico.

Em primeiro lugar, o grande chamariz de toda HQ é a sua arte e a caneta do Sr. Fabrício Santos fez alguns dos melhores desenhos que já vi em uma publicação nacional.
No entanto, justamente pela arte chamar tanta atenção, é aí que mora o perigo, pois, apesar dos ótimos traços, a arte final carece de sombras e contrastes mais acentuados. E isso às vezes acaba por tornar os desenhos um pouco difíceis de discernir em meio a imensa riqueza de detalhes.
Ainda apontando o fato de que as artes foram claramente feitas em um tablet de desenho, o que não é nenhum problema, no entanto, em alguns quadros fica evidente que a arte foi encolhida para caber em um painel que não ocupa nem um quinto da página, o que compromete severamente a integridade das ilustrações.

Outro fator que me fez coçar a cabeça em alguns momentos foi o roteiro. Que não é ruim, de forma alguma, já faço questão de frisar.
Mas o mundo criado pelo Sr. Carlos Rocha é IMENSO, e condensar isso em uma HQ de 70 páginas é uma tarefa hercúlea.
Li a HQ três vezes nos últimos dias, só para me certificar de que não deixei nada passar, mas, ainda assim, acabo por sair com perguntas na minha cabeça que, por ora, continuarão sem resposta.
Tudo acontece muito rápido e às vezes sem uma explicação mais elaborada do porquê, o que acaba sendo uma sobrecarga de informação para o leitor. Por exemplo, durante a estória temos três saltos consideráveis no tempo, sendo que, simultaneamente, há uma sensação de urgência constante na história. Isso foi algo que me incomodou bastante.

Minha última ressalva é a seguinte: acredito que a inclusão de um prólogo que estabelecesse melhor todo o mundo e a estória de Quill seria uma adição valiosa para a obra, pois, em seu estado atual, a HQ ainda demanda a atenção incondicional do leitor para que nada fique no ar (e ainda assim, algumas coisas ficarão).

Essas são minhas observações quanto à Quil, e espero que as ocasionais edições futuras considerem essas pequenas, porém construtivas, críticas que fiz. Agora, vamos falar sobre o que há de bom nessa HQ.

Mais uma vez, quero expressar minha apreciação pela arte aqui. Muitos dos personagens são interessantes de se ver nas páginas e incrivelmente expressivos. O destaque sendo para os anões.
Cacetada, como eu gostei dos anões aqui!

Outro ponto digno de nota é a riqueza de detalhes no world building. O mundo é extremamente complexo e vivo. Há tensão entre todas as raças que nele habitam e esse senso de desconfiança e de amargura está muito bem representado no protagonista.
Mesmo com a plot que às vezes pode ser um pouco confusa devido aos detalhes que citei anteriormente, o mundo aqui ainda é plenamente imersivo e envolvente.

A única coisa com a qual posso comparar Quill é, obviamente, Dragonero, que é muito provavelmente, uma das minhas publicações favoritas em termos de HQ de fantasia.
Muitas vezes, quando se trata de HQs nacionais, existe uma preocupação muito atenuada em fazer algum tipo de comentário social ou cultural. E como eu fico feliz de Quill passar bem longe disso!
Pois o mundo de Quill é visceral e violento, rico em intriga e criaturas nefastas e fantásticas. Ou seja, um prato cheio para quem gosta de alta fantasia ou espada & feitiçaria!

Concluindo, Quill tem alguns tropeços em sua primeira edição, sim. Mas consegui me divertir e, mais importante ainda, fui cativado e me mantive curioso sobre o desenvolvimento da trama.
Uma boa HQ nacional como não se via há algum tempo, sem dúvida!

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quinta-feira, 13 de outubro de 2022

A VOLTA DAQUELE QUE NÃO FOI!

Salve, salve aventureiros!

Primeiramente, eu gostaria de me desculpar pela ausência, mas 2022 tem se provado um ano cheio de altos e baixos (com muitos mais baixos do que eu gostaria) e isso me forçou a relocar minhas atenções às responsabilidades mais urgentes do que meus hobbies e isso incluiu o blog, infelizmente.

Mas agora estou de volta e mesmo que a priori eu ainda não disponha de tanto tempo quanto antes, tentarei fazer todo o possível para retomar as atividades por aqui. Pois ainda tenho vários rascunhos de postagens que ainda quero fazer e espero vê-las indo ao ar em breve.

Ainda pretendo terminar minha série de artigos sobre a passagem do Conan na Marvel, mas creio que antes de retomar esse projeto, farei algumas resenhas e artigos sobre outros títulos e coisas relacionadas, das quais estou bem animado para falar sobre.

Por exemplo, a campanha no Catarse de “Quill, O Exterminador de Demônios” foi bem-sucedida e creio que todos os apoiadores já receberam seus exemplares, pois eu já estou com o meu.
Então, nada mais justo do que dar a devida atenção a essa HQ nacional e fazer uma resenha aqui na masmorra, não é verdade meus amigos?

Aguardem, pois muito em breve trarei novidades!