domingo, 16 de outubro de 2022

Quill, O Exterminador de Demônios - Um começo bom começo, mas com algumas ressalvas


Antes de mais nada, apenas permitam-me dizer uma coisa. COMO É BOM ESTAR DE VOLTA!

Realmente, após meses sem ter tempo para consumir nada que fosse relacionado ao mundo da espada e feitiçaria, ter a oportunidade de apreciar uma boa HQ do gênero é um luxo e um prazer que senti muita falta.
Estou feliz que meu retorno ao Masmorra tenha sido para falar dessa HQ nacional, escrita pelo grande Carlos Rocha (que já cedeu uma entrevista aqui pro blog), acompanhado pelo igualmente talentoso Fabrício Santos.

Depois de uma campanha bem-sucedida no Catarse, a HQ foi entregue aos apoiadores com presteza e esmero. E apesar de um pequeno erro na impressão do encadernado, onde uma página extra teve de ser incluída, isso em nada afetou na apresentação da HQ.

Mas vamos ao que interessa, afinal de contas Quill é uma boa publicação?
Em uma resposta curta, sim, mas se me permitirem elaborar melhor, a resposta seria algo nos entornos de “sim, mas com várias ressalvas”.
Portanto, começarei discriminando o que vi como problemas em Quill. Mas já deixo claro de uma vez, que gostei bastante do que foi entregue e posso fazer sua recomendação sem medo aos amigos que partilham dos mesmos interesses no mundo fantástico.

Em primeiro lugar, o grande chamariz de toda HQ é a sua arte e a caneta do Sr. Fabrício Santos fez alguns dos melhores desenhos que já vi em uma publicação nacional.
No entanto, justamente pela arte chamar tanta atenção, é aí que mora o perigo, pois, apesar dos ótimos traços, a arte final carece de sombras e contrastes mais acentuados. E isso às vezes acaba por tornar os desenhos um pouco difíceis de discernir em meio a imensa riqueza de detalhes.
Ainda apontando o fato de que as artes foram claramente feitas em um tablet de desenho, o que não é nenhum problema, no entanto, em alguns quadros fica evidente que a arte foi encolhida para caber em um painel que não ocupa nem um quinto da página, o que compromete severamente a integridade das ilustrações.

Outro fator que me fez coçar a cabeça em alguns momentos foi o roteiro. Que não é ruim, de forma alguma, já faço questão de frisar.
Mas o mundo criado pelo Sr. Carlos Rocha é IMENSO, e condensar isso em uma HQ de 70 páginas é uma tarefa hercúlea.
Li a HQ três vezes nos últimos dias, só para me certificar de que não deixei nada passar, mas, ainda assim, acabo por sair com perguntas na minha cabeça que, por ora, continuarão sem resposta.
Tudo acontece muito rápido e às vezes sem uma explicação mais elaborada do porquê, o que acaba sendo uma sobrecarga de informação para o leitor. Por exemplo, durante a estória temos três saltos consideráveis no tempo, sendo que, simultaneamente, há uma sensação de urgência constante na história. Isso foi algo que me incomodou bastante.

Minha última ressalva é a seguinte: acredito que a inclusão de um prólogo que estabelecesse melhor todo o mundo e a estória de Quill seria uma adição valiosa para a obra, pois, em seu estado atual, a HQ ainda demanda a atenção incondicional do leitor para que nada fique no ar (e ainda assim, algumas coisas ficarão).

Essas são minhas observações quanto à Quil, e espero que as ocasionais edições futuras considerem essas pequenas, porém construtivas, críticas que fiz. Agora, vamos falar sobre o que há de bom nessa HQ.

Mais uma vez, quero expressar minha apreciação pela arte aqui. Muitos dos personagens são interessantes de se ver nas páginas e incrivelmente expressivos. O destaque sendo para os anões.
Cacetada, como eu gostei dos anões aqui!

Outro ponto digno de nota é a riqueza de detalhes no world building. O mundo é extremamente complexo e vivo. Há tensão entre todas as raças que nele habitam e esse senso de desconfiança e de amargura está muito bem representado no protagonista.
Mesmo com a plot que às vezes pode ser um pouco confusa devido aos detalhes que citei anteriormente, o mundo aqui ainda é plenamente imersivo e envolvente.

A única coisa com a qual posso comparar Quill é, obviamente, Dragonero, que é muito provavelmente, uma das minhas publicações favoritas em termos de HQ de fantasia.
Muitas vezes, quando se trata de HQs nacionais, existe uma preocupação muito atenuada em fazer algum tipo de comentário social ou cultural. E como eu fico feliz de Quill passar bem longe disso!
Pois o mundo de Quill é visceral e violento, rico em intriga e criaturas nefastas e fantásticas. Ou seja, um prato cheio para quem gosta de alta fantasia ou espada & feitiçaria!

Concluindo, Quill tem alguns tropeços em sua primeira edição, sim. Mas consegui me divertir e, mais importante ainda, fui cativado e me mantive curioso sobre o desenvolvimento da trama.
Uma boa HQ nacional como não se via há algum tempo, sem dúvida!

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