Antes de mais nada, apenas permitam-me dizer uma coisa. COMO É
BOM ESTAR DE VOLTA!
Realmente, após meses sem ter tempo para consumir nada que fosse
relacionado ao mundo da espada e feitiçaria, ter a oportunidade de
apreciar uma boa HQ do gênero é um luxo e um prazer que senti muita
falta.
Estou feliz que meu retorno ao Masmorra tenha sido para
falar dessa HQ nacional, escrita pelo grande Carlos Rocha (que já
cedeu uma entrevista aqui pro blog), acompanhado pelo igualmente
talentoso Fabrício Santos.
Depois de uma campanha
bem-sucedida no Catarse, a HQ foi entregue aos apoiadores
com presteza e esmero. E apesar de um pequeno erro na impressão do
encadernado, onde uma página extra teve de ser incluída, isso em
nada afetou na apresentação da HQ.
Mas vamos ao que interessa, afinal de contas Quill é uma boa
publicação?
Em uma resposta curta, sim, mas se me permitirem
elaborar melhor, a resposta seria algo nos entornos de “sim, mas
com várias ressalvas”.
Portanto, começarei discriminando o
que vi como problemas em Quill. Mas já deixo claro de uma vez, que
gostei bastante do que foi entregue e posso fazer sua recomendação
sem medo aos amigos que partilham dos mesmos interesses no mundo
fantástico.
Em primeiro lugar, o grande chamariz de toda HQ é a sua arte e a
caneta do Sr. Fabrício Santos fez alguns dos melhores desenhos que
já vi em uma publicação nacional.
No entanto, justamente pela
arte chamar tanta atenção, é aí que mora o perigo, pois, apesar
dos ótimos traços, a arte final carece de sombras e contrastes mais
acentuados. E isso às vezes acaba por tornar os desenhos um pouco
difíceis de discernir em meio a imensa riqueza de detalhes.
Ainda
apontando o fato de que as artes foram claramente feitas em um tablet
de desenho, o que não é nenhum problema, no entanto, em alguns
quadros fica evidente que a arte foi encolhida para caber em um
painel que não ocupa nem um quinto da página, o que compromete
severamente a integridade das ilustrações.
Outro fator que me fez coçar a cabeça em alguns momentos foi o
roteiro. Que não é ruim, de forma alguma, já faço questão de
frisar.
Mas o mundo criado pelo Sr. Carlos Rocha é IMENSO, e
condensar isso em uma HQ de 70 páginas é uma tarefa hercúlea.
Li
a HQ três vezes nos últimos dias, só para me certificar de que não
deixei nada passar, mas, ainda assim, acabo por sair com perguntas na
minha cabeça que, por ora, continuarão sem resposta.
Tudo
acontece muito rápido e às vezes sem uma explicação mais
elaborada do porquê, o que acaba sendo uma sobrecarga de informação
para o leitor. Por exemplo, durante a estória temos três saltos
consideráveis no tempo, sendo que, simultaneamente, há uma sensação
de urgência constante na história. Isso foi algo que me incomodou
bastante.
Minha última ressalva é a seguinte: acredito que a inclusão de um prólogo que estabelecesse melhor todo o mundo e a estória de Quill seria uma adição valiosa para a obra, pois, em seu estado atual, a HQ ainda demanda a atenção incondicional do leitor para que nada fique no ar (e ainda assim, algumas coisas ficarão).
Essas são minhas observações quanto à Quil, e espero que as ocasionais edições futuras considerem essas pequenas, porém construtivas, críticas que fiz. Agora, vamos falar sobre o que há de bom nessa HQ.
Mais uma vez, quero expressar minha apreciação pela arte aqui.
Muitos dos personagens são interessantes de se ver nas páginas e
incrivelmente expressivos. O destaque sendo para os anões.
Cacetada,
como eu gostei dos anões aqui!
Outro ponto digno de nota é a riqueza de detalhes no world
building. O mundo é extremamente complexo e vivo. Há tensão entre
todas as raças que nele habitam e esse senso de desconfiança e de
amargura está muito bem representado no protagonista.
Mesmo com
a plot que às vezes pode ser um pouco confusa devido aos detalhes
que citei anteriormente, o mundo aqui ainda é plenamente imersivo e
envolvente.
A única coisa com a qual posso comparar Quill é, obviamente,
Dragonero, que é muito provavelmente, uma das minhas publicações
favoritas em termos de HQ de fantasia.
Muitas vezes, quando se
trata de HQs nacionais, existe uma preocupação muito atenuada em
fazer algum tipo de comentário social ou cultural. E como eu fico
feliz de Quill passar bem longe disso!
Pois o mundo de Quill é
visceral e violento, rico em intriga e criaturas nefastas e
fantásticas. Ou seja, um prato cheio para quem gosta de alta
fantasia ou espada & feitiçaria!
Concluindo, Quill tem alguns tropeços em sua primeira edição,
sim. Mas consegui me divertir e, mais importante ainda, fui cativado
e me mantive curioso sobre o desenvolvimento da trama.
Uma boa
HQ nacional como não se via há algum tempo, sem dúvida!
Curtiu?
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Que bom que o MM voltou...
ResponderExcluirVoltando pra ficar!
ExcluirRetorno triunfal! E com um artigo sobre uma obra brasileira! Fantástico, não conhecia, mas já vou atrás hehe.
ResponderExcluirValeu! Muito coisa boa ainda está por vir!
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