quinta-feira, 14 de abril de 2022

Entrevista : Carlos Rocha, escritor fantástico extraordinário bate uma papo na masmorra!

 

Salve Salve, criaturas das masmorras!

A primeira entrevista sempre é algo especial e é por isso que com grande satisfação que o Masmorra Mítica lhes oferece, Carlos Rocha, escritor e responsável  pelo Selo Multiversos, que já vem há anos deixando sua marca na cena da literatura fantástica brasileira.

Hoje, tive a oportunidade de bater um papo com o homem e falamos um pouco sobre sua trajetória, influências e sua atual campanha no Catarse para a publicação de seu HQ autoral "Quill, O exterminador de demônios".

No fim da entrevista estão todos os links para que vocês possam conhecer melhor esse trabalho digno de nota no cenário nacional.

Sem mais delongas, é com muito orgulho que o Masmorra Mítica lhes oferece, Carlos Rocha!

 

1- Em primeiro lugar Carlos, muito obrigado pela oportunidade de fazermos essa entrevista. Vamos começar com a sua formação literária. Quais autores e títulos lhe inspiraram (e inspiram) para escrever seus contos?

Puxa, eu que agradeço! Para começar, minha iniciação à leitura veio bastante tarde. Só comecei a ler após pegar emprestado com um colega de escola, aos 16 anos, um caixa com mais de cem revistas do Homem-Aranha. Um pouco depois, tive acesso a uma biblioteca e li As Cavernas de Aço de Isaac Asimov, logo em seguida, Duna, de Frank Herbert. Sendo que Duna li em apenas dois dias. Foi quando percebi que eu era um leitor. Esses e outros livros que li no início, eram do gênero Ficção Científica, pois meu cunhado gostava bastante e sempre me falava desses livros. 

Eu jogava RPG já há alguns anos, mas ainda não lera nenhum livro no gênero fantasia. Foi quando li Stormbringer de Michael Moorcock (uma edição portuguesa com o título A Espada Diabólica). Por sorte, na biblioteca pública de Belo Horizonte, havia uma boa quantidade de livros do Michael Moorcock e li todos que havia lá, entre estes, a série The History of the Runestaff e a trilogia das espadas, sobre o prínicipe Corum, uma das "encarnações" do campeão eterno (Elric, Erekosë, John Daker, os Von Beks, entre outros). Depois, nos quadrinhos, A Espada Selvagem de Conan também foi uma grande inspiração.

Só fui ler Tolkien um pouco mais tarde, mas certamente, também se tornou uma forte influência em minha escrita. Antes dele, tem um autor que escreveu várias séries de romances para Dungeons & Dragons chamado Troy Denning, que também adoro. Principalmente seu pentateuco do cenário Dark Sun, The Prism Pentad. Em tempos mais recentes, fiquei conhecendo Brandon Sanderson e Diana Wynne Jones, Marion Zimmer Bradley (principalmente a série Darkover). Por último, não posso deixar de citar Joe Abercrombie e suas trilogias: Primeira Lei (O Poder da Espada) e do Mar Despedaçado. Ainda poderia citar Fritz Leiber, Ursula K Le Guin e outros. Não posso deixar de falar dos colegas que escrevem fantasia aqui no Brasil. A série Chamas do Império de Diego Guerra e O Castelo das Águias de Ana Lúcia Merege são simplesmente imperdíveis!

De fora da literatura de gênero, também são grandes influências Dostoiévski, James Clavell, Oscar Wilde, Rubem Fonseca e Joseph Campbell.

2 - Conte um pouco sobre o seu contato inicial com o mundo fantástico e como ele te cativou.

Meu contato inicial com o mundo fantástico foi através dos filmes, O Cristal Encantado (1982) e A Lenda (1985), do desenho Caverna do Dragão (chegou ao Brasil em 84) e depois através do RPG. Comecei a jogar Dungeons & Dragons em 1988 e continuo jogando RPG (outros sistemas) até hoje. Não sei se seria possível reproduzir a sensação, atualmente, mas as ilustrações que havia nos livros de jogos de RPG de artistas como Larry Elmore e Keith Partinson faziam agente mergulhar nesse universo bem mais que qualquer outro filme ou desenho que havia na época. É claro que só fui ter acesso à mais material de fantasia, anos mais tarde. Mas eu diria que fui capturado por essa "narrativa visual" criada pelas imagens poderosas desses artistas.

3 - Falando sobre RPGs, qual o seu sistema favorito e por quê? Há alguma "estória de guerra" de alguma de suas partidas que gostaria de partilhar conosco?

Meu sistema favorito é o GURPS, mas tenho apreço pelos RPGs da Palladium Books (Rifts, Robotech, Beyond the Supernatural e Palladium Fantasy). Eu gosto do GURPS por conseguir trazer um lastro de realismo para os jogos. Me incomodava um pouco como coisas muito incoerentes aconteciam com frequência em outros sistemas. Sobre uma "estória de guerra" são tantas... Eu tive sorte de poder jogar um conjunto de campanhas de longa duração (mais de 10 anos) com alguns grupos de amigos. Não tenho uma história específica para trazer (iria demandar muita contextualização), mas gosto da ideia de que jogamos uma campanha que teve diversos arcos ao longo de muitos anos (dentro e fora do jogo) e que teve uma conclusão bem legal, onde os jogadores tiveram que pagar sua passagem de volta de um dos infernos, com o sacrifício de um dos protagonistas.
 
4 - A cena fantástica no Brasil vem timidamente crescendo hoje em dia. Como você vê esse crescimento e quais obras ou iniciativas vem chamando a sua atenção?

Sim, a literatura fantástica tem crescido bastante. Tem muitos livros bons e quadrinhos também. Já citei o Diego Guerra e a Ana Lúcia Merege. A série Tempos de Sangue do Eduardo Kasse também vale ser lembrada. Você tem o universo A Bandeira do Elefante e da Arara de Christopher Kastensmidt, muitas antologias legais da Editora Draco e Argonautas (agora a série Multiverso Pulp da Avec Editora). O Auto da Maga Josefa de Paola Siviero, o cenário de RPG Legião, a Era da Desolação, de Antonio Sá Neto e Newton Nitro os livros do André Vianco, Leonel Caldela, Karen Soarele e a série O Espadachim de Carvão, de Affonso Solano. Sei que há inúmeros escritores e escritoras de fantasia em pequenas (ou grandes) editoras, ou ainda, independentes esperando para serem conhecidos. Tenho vários no meu radar, falta mesmo o tempo para ler tantas obras.
 
5 - Você já vem escrevendo há bastante tempo, inclusive, já foi ganhador de prêmios internacionais com suas obras, fale um pouco sobre elas.
 
Sim, comecei a escrever em 1996, meu primeiro romance, Olhos Negros (2000), de forma "acidental". Eu não pretendia escrever um livro, mas sim fazer um mangá. Infelizmente (ou felizmente) eu não conseguia desenhar a história do jeito que imaginava. Para não deixar a história escapar, comecei a escrever em prosa e quando percebi, havia escrito meu primeiro romance. Anos depois, lancei Olhos Negros para download na internet, muito antes de haver plataformas como o Wattpad. Tive muitos leitores dessa época que se comunicavam comigo por e-mail ou pelo meu blog, Selo Multiversos. Em 2014 entrei no Wattpad e em 2015, Olhos Negros foi um dos vencedores do prêmio internacional The Wattys. Ele ganhou numa categoria chamada "Tesouros não descobertos". Considerando a dinâmica da própria plataforma, dá pra falar que ele continua "não descoberto" até agora, rsrs. 

Olhos Negros é o primeiro livro de uma série que se passa no universo ficcional chamado Terra das Nove Luas. É a história de um jovem cavaleiro que vê seu reino ser tomado por um golpe de estado (secreto) feito por uma sociedade de necromantes. Isso é apenas o início da história, que evolui em três volumes, para a retomada de uma fase sombria para todos os reinos do mundo. Digo retomada, pois a história da HQ Quill, se passa no passado, no período mais sombrio que esse mundo já viu, até então. A série é composta pelos seguintes romances: Olhos Negros (2000), Maré Vermelha (2004), Oráculo Esquecido (2012), Herdeiros de Kamanesh (2017) e O Coração de Tleos (2021).

Além dessa série, tenho outra chamada Crônicas Delorianas. O primeiro livro, Os Óculos Indesejados de Ilya Gregorvich (2017) foi também vencedor do The Wattys em 2019, desta vez, na categoria Ficção Científica. O detalhe é que o livro mistura elementos de fantasia e ficção científica. Conta a história de Ilya, um estudante de matemática que passa a ser perseguido depois que encontra um par de óculos mágicos que contém segredos que interessam ao serviço secreto do governo de seu país e ao crime organizado. Nesse universo, os homens foram escravizados por uma espécie alienígena usuária de magia, mas conseguiram se libertar ao estudar a magia sob o prisma da ciência e industrializá-la. 

Meu romance mais recente, O Velho e a Devoradora de Almas, é fortemente influenciado por Michael Moorcock, nela, o protagonista é um velho que tenta sobreviver a uma grande tragédia. Faz parte da trama a espada Vortumbra, item amaldiçoado feito no passado para combater o implacável Deus-Dragão. É um livro de fantasia com um toque sombrio, diálogos bem humorados, magia, criaturas fantásticas e situações surpreendentes. Uma estória que foge dos padrões com protagonistas heroicos jovens e virtuosos, escolhidos profetizados, mocinhas em perigo, triângulos amorosos e finais felizes.

6 - Atualmente, a campanha da HQ "Quill, O exterminador de demônios", uma parceria entre você e o desenhista Fabrício Santos, está rolando no Catarse. Gostaria de se aprofundar um pouco mais no universo da obra?

Venho desenvolvendo esse projeto com o Fabrício desde 2019. Baseada no romance de mesmo nome, a HQ conta a história do elfo Quill, um jovem que luta para tentar evitar o fim de seu mundo, invadido por um sem número de hordas demoníacas. O grande problema é que os demônios corrompem outros seres para aumentar seus números. E o pior: quando derrotados, renascem após pouco tempo, tornado-os inimigos muito difíceis de vencer. 

A HQ Quill, o exterminador de demônios, impressa, terá 3 partes. O volume 1, terá 80 página e narra a juventude de Quill. Tudo começa quando os Vetmös, uma casta de ambiciosos magos humanos, na ânsia de expandir seus poderes, se comunicaram com seres de outras dimensões. Estes seres os auxiliaram a copiar o projeto das dez torres de Trinidacs, o que permite captar energia mágica das luas para criar portais dimensionais. Só com o mecanismo pronto, descobriram que foram ludibriados pelos demônios. Os seres que prometiam ensinar os mais altos segredos da magia, abrem portais para os quatro infernos de onde numerosas hordas saem dando início a uma longa guerra mundial.

No início da história, Quill é um marujo inexperiente e enfrenta as hordas pela primeira vez. Ele começa a descobrir que possui um poder que poderá alterar o curso da guerra. Sua primeira missão é levar raros cristais mágicos até a grande forja do Monte Hostenoist. Os aliados estão organizando suas defesas e para isso reuniram seus mais poderosos magos para forjar armas e armaduras mágicas para fazer frente aos invasores. Mas esse é apenas o primeiro passo de sua jornada, ele terá que lidar com seus próprios demônios internos enquanto se depara com inimigos cada vez mais poderosos.

A campanha está no Catarse e busca apoiadores para virar realidade. 
 
7 - Onde os leitores podem conhecer melhor o seu trabalho?
 
Alguns de meus livros estão à venda na Amazon. Por vezes,  faço artigos sobre minhas obras no meu blog, Selo Multiversos. Uma opção também é conhecer meu trabalho através da plataforma Wattpad. Há vários livros completos lá que podem ser lidos de forma gratuita (mas a plataforma contém anúncios). Terminou agradecendo o espaço aqui na Masmorra Mítica e desejando muito sucesso ao blog!
 


A campanha no Catarse já está na sua reta final, então agora é hora!
Apoie "Quill, O exterminador de demônios" AQUI

O link para conhecer o site do Selo Multiversos está ali do lado também ---> 

Outros links úteis:

https://www.facebook.com/SeloMultiversos

4 comentários:

  1. Oi, Carlos! Muito bons os seus livros e conhecimento sobre esse mundo tão fantástico como o é a natureza humana.

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  2. Carlos Rocha, pela experiência adquirida vê-se que seu caminho já está trilhado na literatura fantástica brasileira, agora é dimensionar seu tempo pra alcançar o espaço e sucesso que você merece.Abs

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  3. Fiquei realmente fascinado para conhecer melhor esse nobre trabalho literário...
    Dante você junto com o MM tão se superando...

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