terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Golden Axe - Minha introdução ao mundo da espada & feitiçaria

Permitam-me contar-lhes uma história da minha infância de maneira muito breve. O ano é 1998, minha experiência com videogames até agora se resumia ao Atari, Master System da Sega e ao Nintendinho 8-bits. Era sábado à tarde e a campainha da minha casa toca, era um amigo do final da rua procurando por mim.

"Meu pai fez um rolo e arranjou um videogame novo pra mim, vamos lá jogar?", sendo o moleque nerd de nariz sujo que eu era, nem pensei duas vezes.

Eu me recordo de que não gostava muito de ir até a casa desse amigo, pois era uma casa bem velha e como ele tinha outros três irmãos de idades diversas, tudo estava sempre muito bagunçado.

Um cheiro de mofo e de descaso pairava em toda parte, mas daquela vez, algo me fez querer ir.

E foi aí que ficamos reclusos à um quartinho no canto mais escondido da casa. Sem janelas, sem lâmpadas, praticamente desconectados do mundo.

Lembro muito bem do cenário com que me deparei, duas cadeiras roubadas da cozinha, dispostas em frente à um pequeno móvel de madeira, já caindo aos pedaços, onde repousava uma diminuta TV de 14 polegadas sem cores, um Mega Drive no chão e dois controles de três botões.

Até então, ele só tinha um cartucho, de um jogo que eu nunca tinha ouvido falar, "Golden Axe II". Como todo moleque de oito anos que curtia games, toda novidade era bem vinda, mas eu não estava preparado para o que viria a seguir.

Aquela tarde passou como um lapso, quando menos me dei conta, meu pai já estava no portão, me chamando para voltarmos pra casa, pois já passava das 9 horas da noite. Ou seja, minha imersão naquele mundo repleto de monstros medonhos e de barbarismo foi tão completa, que nem sequer comida ou qualquer outra coisa foi necessária.

Tudo o que eu queria era desbravar o mundo fantástico que se desenrolava diante dos meus olhos, com seus monstros imponentes, tomos de magias proibidas e combates incessantes e sangrentos. Tudo isso preso dentro daquela singela tevezinha totalmente desprovida de cores.

Sei que todo esse relato soa exageradamente nostálgico, mas não tenho dúvidas de que foi naquele momento que minha paixão pelo gênero de fantasia começou. Inclusive, naquela mesma noite (e no decorrer de todo o resto do fim de semana), como eu não calava a boca sobre o tal jogo, meu pai desenterrou uma caixa velha e puída da garagem. 

A dita caixa estava cheia de revistas e livros velhos. Mas, mais do que isso, ela estava repleta de edições de "A espada selvagem de Conan" da Editora Abril.

E apesar de ser um pirralho babaca, que ainda não tinha o hábito de ler, passei as semanas seguintes contemplando aqueles desenhos, e fiquei surpreso em como eles pareciam ter saltado direto daquele jogo que havia se tornado minha obsessão.

No fim de semana seguinte, meu pai foi até a locadora da cidade e trouxe com ele os dois filmes do Conan com o icônico Arnold Schwarzenegger, e o resto é história.

Mas afinal, por que de toda essa exposição e papo romantizado sobre a minha distante infância? Ora, não é óbvio? Em um país em que o gênero literário da fantasia e, principalmente, da espada & feitiçaria, é tão carente, a busca por outros veículos com os quais possamos suprir essa nossa necessidade de ter contato direto com essas aventuras jamais sonhadas, monstros terríveis, magos e necromantes e heróis destemidos deve se estender para além das páginas dos livros e ser encontrada em outras mídias distintas.

Sejam games, eletrônicos ou de mesa, filmes ou HQs, a busca por esse mundo fantástico sempre me cativou, e Golden Axe foi um dos principais responsáveis por isso. Pois esse jogo de 16-bits para o saudoso console da Sega, nada mais é do que a culminação de todo um gênero condensado em uma jogatina que pode ser concluída em cerca de meia hora.    

A trilogia de jogos hoje é tida como um clássico para aqueles que cresceram com o saudoso Mega Drive da Sega, e com razão. Afinal, estamos falando em um dos primeiros casos onde o barbarismo de fato tomou forma em um jogo eletrônico. 

E eu ainda nem tive a chance de mencionar a trilha sonora. Que além de ser considerada uma das mais memoráveis quando se trata de videogames, também é perfeita para te transportar para aquele mundo tão distante, onde reina a espada e o sangue!

Além disso, quero citar também um detalhe que com certeza muitos já sabem, mas seria um crime deixar isso de fora. A ARTE DA CAPA! DEUSES DO AÇO! QUE ARTE MARAVILHOSA!

Assinada pelo grande Boris Vallejo, conhecido de longa data dos fãs de Conan. A arte que ilustra a capa de Golden Axe II é talvez uma das minhas peças favoritas da autoria do pintor Peruano.

A série, infelizmente, jaz adormecida desde o lançamento de Golden Axe - Beast Rider (PS3 e XBOX 360) em 2008. O último jogo da série não teve uma boa recepção, mas ainda tem seus fãs perdidos por aí.

Mas, podemos sempre nos alegrar de que a trilogia original é facilmente acessível até hoje. Cada um sai por menos de R$ 3 na Steam, para aqueles que queiram jogar no computador. Mas os três títulos também podem ser encontrados em várias coletâneas de jogos para vários consoles diferentes.

E para os guerreiros mais aventureiros, as fitas para o Mega Drive ainda espreitam aqui e ali.

 

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